por
Marcio Carvalho
Lumen Fidei - A luz da fé, assim se intitula a primeira
Encíclica do Papa Francisco que hoje foi apresentada em conferência de
imprensa, no Vaticano. Dirigida aos bispos, sacerdotes, diáconos, religiosos e
religiosas e a todos os fiéis leigos, a Encíclica – explica o Papa Francisco -
já estava "quase completada" por Bento XVI. Àquela "primeira
versão" o actual Pontífice acrescentou "ulteriores contribuições
". A finalidade do documento é recuperar o carácter de luz que é
específico da fé, capaz de iluminar toda a existência humana.
Quem acredita nunca está sozinho, porque a fé é um bem comum que ajuda a
edificar as nossas sociedades, dando esperança. E’ este é o coração da Lumen fidei. Numa época como a nossa, a moderna
- escreve o Papa - em que o acreditar se opõe ao pesquisar e a fé é vista como
um salto no vazio que impede a liberdade do homem, é importante ter fé e
confiar, com humildade e coragem, ao amor misericordioso de Deus, que endireita
as distorções da nossa história.
Testemunha fiável da fé é Jesus, através do qual Deus actua realmente na
história. Como na vida de cada dia confiamos no arquitecto, o farmacêutico, o
advogado, que conhecem as coisas melhor que nós, assim também para a fé
confiamos em Jesus, um especialista nas coisas de Deus. A fé sem a verdade não
salva, diz em seguida o Papa – fica a ser apenas um bonito conto de fadas,
sobretudo hoje em que se vive uma crise de verdade, porque se acredita apenas
na tecnologia ou nas verdades do indivíduo, porque se teme o fanatismo e se
prefere o relativismo. Pelo contrário, a fé não é intransigente, o crente não é
arrogante: a verdade que vem do amor de Deus não se impõe pela violência, não
esmaga o indivíduo e torna possível o diálogo entre fé e razão.Se torna, portanto,
essencial a evangelização: a luz de Jesus brilha no rosto dos cristãos e se
transmite de geração em geração, através das testemunhas da fé. Mas de uma
maneira especial, a fé se transmite através dos Sacramentos, como o Baptismo e
a Eucaristia, e através da confissão de fé do Credo e a Oração do Pai Nosso,
que envolvem o crente nas verdades que confessa e o fazem ver com os olhos de
Cristo. A fé é uma, sublinha o Papa, e a unidade da fé é a unidade da Igreja.
Também é forte a ligação entre
acreditar e construir o bem comum: a fé torna fortes os laços entre os homens e
se coloca ao serviço da justiça, do direito e da paz. Essa não nos afasta do
mundo, muito pelo contrário: se a tirarmos das nossas cidades, ficamos unidos
apenas por medo ou por interesse. A fé, pelo contrário, ilumina a família
fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher; ilumina o mundo dos jovens
que desejam “uma vida grande ", dá luz à natureza e nos ajuda a
respeitá-la, para "encontrar modelos de desenvolvimento que não se baseiam
apenas na "utilidade ou lucro, mas que consideram a criação como um
dom". Mesmo o sofrimento e a morte recebem um sentido do facto de
confiarmos em Deus, escreve ainda o Pontífice: ao homem que sofre o Senhor não
dá um raciocínio que explica tudo, mas a sua presença que o
acompanha.Finalmente, o Papa lança um apelo: "Não deixemos que nos roubem
a esperança, não deixemos que ela seja frustrada com soluções e propostas
imediatas que nos bloqueiam o caminho para Deus”.
(Rádio Vaticana)
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